Artistas e Perspectivas

Por:  Cesar Romero
A profissão de artista visual não é regulamentada. O indivíduo passa toda a sua vida trabalhando, mas não pode se aposentar como artista visual, e gozar dos benefícios que trazem uma aposentadoria. Pode como autônomo. Muitos artistas perdem oportunidades profissionais por conta da exigência do fornecimento de nota fiscal por parte de diversas instituições culturais, já que a maioria deles se constitui de profissionais autônomos e só pode fornecer Recibo de Pagamento Autônomo (RPA) quando prestam algum tipo de serviço. Uma das soluções seria a qualificação como Micro Empreendedor Individual (MEI).

Na tentativa de trazer soluções práticas para o exercício da profissão, Walter Miranda, o presidente da APAP – Associação Profissional de Artistas Plásticos de São Paulo -  resolveu organizar um amplo debate com a intenção de esclarecer quais as melhores maneiras de emitir nota fiscal sendo um artista plástico profissional. A APAP solicitou o apoio do SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, que indicou a especialista em formalização de empresas Ana Luisa Santos Santana. Também se contará com a orientação do contador Laurindo M. Silva, especialista em MEI. Esta é uma forma de contribuir com os artistas. Um absurdo, atividade artística não ter profissão regulamentada. A contribuição dada por artistas plásticos em nossa memória e as transformações causadas por seu fazer durante séculos, constroem a história humana. Arte sempre acompanhou desde os primórdios nossa civilização, define períodos, apontou direções, mudou conceitos, deixou e continua a fixar nossa memória.

O artista é célula inicial para uma série de atuações de outros profissionais como crítico de arte, curador, historiador, professor de arte, pesquisador,fotógrafo, museólogo,  galerista, monitor, iluminador;  gráfica, produção de catálogos e livros de arte, galerias, museus, assessoria de imprensa, mídia, coquetéis, segurança, pessoal de apoio e muito mais. Uma exposição é trabalhosa. Também em São Paulo, nos dias 20 e 21 de agosto, acontece o Seminário – Pesquisa na ABCA: Balanços e Perspectivas, organizado pela Associação Brasileira de Críticos de Arte, Escola da Comunicação e Artes – CCA, Pós-Graduação em Estética e História da Arte – USP, Pró-Reitoria de Pós-Graduação – USP, Pró – Reitoria de Cultura – USP, CAPES e FAPESP. Entre os conferencistas, Jean – Marc Poinsot (FR), Claudia Fazzolari(SP), Almerinda da Silva Lopes(ES), Lisbeth Rebollo Gonçalvez(SP), Alexandre Santos (RS), José Armando Pereira Silva(SP), Maria Lucia Bastos Kern(RS), Veronica Stigger(RS), Icleia Cattani(SP), Maria Amélia Bulhões(RS), Ângela Ancora de Luz(RJ) e Annatereza Fabris(SP). São críticos e historiadores. Destaque para o trabalho de Annateresa Fabris – De Shirley Temple a Imagem Alterada: Andy Warhol e Alguns Usos da Fotografia (foto).

Vai-se divulgar e discutir as pesquisas realizadas por membros da ABCA, que permitem enfatizar, problematizar e aprofundar os elos existentes entre a crítica de arte e a prática historiográfica. Será oportunidade também para refletir sobre como está sendo construída a memória da crítica de arte no meio brasileiro, tomando como foco o trabalho de pesquisa desenvolvido por membros da mencionada Associação e os registros por ela legados.

Num texto publicado em 1974, Giulio Carlo Argan lembrava que, na maioria das vezes, a abordagem histórico-artística se inicia com a análise do desenvolvimento e da situação atual da problemática a ser estudada, ou seja, com um capítulo de história da crítica. Essa observação é, de fato, fundamental, se for lembrado que um trabalho criativo adquire o estatuto de obra de arte a partir de um juízo que lhe atribui essa categoria. Todos os juízos provocados pela obra permitem demonstrar – ainda segundo Argan – que ela foi considerada um problema a ser enfrentado e resolvido. É enquanto problema dotado de uma perspectiva histórica que a obra se oferece ao juízo contemporâneo. Uma vez que cada momento histórico pode ser considerado uma visão crítica dos momentos anteriores, o historiador da arte não pode deixar de levar em conta os juízos formulados no passado ou num presente mais próximo.

Cesar Romero é artista plástico, crítico de arte ABCA-AICA e membro do conselho consultivo da APAP

1 comentário

  1. Yoko Aoki
    Prezado Senhor Cesar!
    Muito bom este texto e essa observação toda com relação aos artistas plásticos. Tenho uma ME que atua nesta área e tentei entrar no MEI, porem não encontrei dentro da mesma uma categoria dentro da área cultural que desse algum suporte como simples nacional.
    No texto o Sr. menciona que a APAP solicitou o apoio do SEBRAE e eu me lembro também que muitos interessados estavam fazendo um abaixo assinado para que o MEI entrasse com o simples nacional para ajudar a categoria, porém não acompanhei como terminou tudo isso. Se estiver a par de como se encontra essa questão e mais o parecer da Sebrae, gostaria muito de ficar informada.

    Muito grata pelo texto, sim?

    att

    Yoko Aoki

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