APAP 35 anos
Por: Luiz Ventura
APAP 35 anosAo rememorar o desempenho da apap nos seus 35 anos, somos levados a recordar a atuação dos artistas plásticos nas últimas décadas neste momento de vivas manifestações contra o fechamento de escolas públicas e da extinção do Ministério da Cultura entre outros movimentos.
Somos levados a recordar de momentos passados de resistência e luta dos artistas à avassaladora penetração colonialista cultural em nosso país. Penetração orquestrada e soberbamente financiada do exterior que, hoje, cobre o mundo todo;
da luta, contra o peleguismo da época, do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo;
de fatos promissores como a criação, em 1947, do Clube dos Artistas e Amigos da Arte, centro de debates sobre os destinos da arte em nosso país;
da criação do Museu de Arte de São Paulo, MASP, em 1947;
das amplas discussões sobre a finalidade dos criados Museus de Arte Moderna de São Paulo e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, ambos em 1948, criações orientadas e monitoradas por Nelson Rockfeller;
dos fatos da, hoje denominada, guerra fria cultural;
da promoção, em 1951, da 1a. Bienal de Artes pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo;
das manifestações contra a política cultural da Bienal de São Paulo. Documentada a reação quando da comemoração da primeira Bienal, na sede do Clube dos Artistas e Amigos da Arte, em 1951;
da Carta-circular, assinada por vários artistas, sobre a Bienal (documento premonitório de 1953);
dos Salões de Arte Moderna Nacional e do Salão de Arte Moderna de São Paulo e da extinção dos mesmos, atropelados pela Bienal de SP;
do papel desempenhado pela revista Fundamentos em defesa da arte brasileira e da liberdade de criação;
da criação dos Clubes de Gravura de Porto Alegre, em 1951, dos Clubes de Gravura de São Paulo e de Santos e outros, como focos de resistência em prol da arte brasileira;
da criação da APAP em 1981;
da criação da Lei Rouanet em 1991.
Hoje, momento do despertar e do crescimento das lutas sociais pela democracia, na defesa dos direitos duramente conquistados por décadas de lutas, momento de reparação social da nossa história de injustiças e perversidades se faz, mais do que nunca, necessário um imperioso questionamento sobre a Bienal de São Paulo e da necessidade de se aprimorar a Lei Rouanet;
de trabalhar no sentido de democratizar, tanto a Lei Rouanet como a Bienal de São Paulo, retirando os destinos da arte das mãos interessadas de especuladores e do grande capital.
Luiz Ventura
Artista plástico associado à APAP