Prêmios e distinções – Prêmio Governador do Estado – Gravura, São Paulo/SP. Prêmio aquisição, XIX Salão de Arte Contemporânea de Santo André- Santo André, São Paulo. Premio Internacional da Paz – Secretaria do Interior do Estado de São Paulo. Prêmio aquisição, Cidade de Ribeirão Preto, São Paulo. Salão de Arte Contemporânea SARP, Ribeirão Preto. Prêmio aquisição XXXVI Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, Recife. Prêmio Aquisição, III Salão de Artes Plásticas de Assis, São Paulo. Prêmio Aquisição, II Salão de Artes Visuais Rio Claro, São Paulo. Prêmio Aquisição VI Salão de Arte de Ribeirão Preto, São Paulo. Prêmio Aquisição XI Salão de Arte Contemporânea – Gravura. Piracicaba, São Paulo.
Realizou vinte exposições individuais no Brasil. Participou de várias exposições Internacionais coletivas de gravura.
Possui obras em diversos acervos: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo-MAC. Museu da Prefeitura, Belém do Pará. Fundação Rômulo Mayorana, Belém Pará. SESC, Vila Mariana, São Paulo. Museu de Arte Contemporânea, MAC, São Paulo. Espaço Cultural Banespa, São Paulo, entre outros. Participou do SP ESTAMPA 2011, 2012,2013. Membro da APAP.
UNIVERSO PERCEBIDO EM DESPERCEBIDO COSMO
Breviário de Leitura da Exposição dos Trabalhos de Ana Alice Francesquetti e Dayse Grisolia, em gravura, fotografia e cerâmica sobre o aparecimento da Escrita e sua Evolução.
A sociedade humana, o mundo, o homem em sua inteireza, estão contidos dentro do alfabeto.... o alfabeto é fonte ”.
VICTOR HUGO
Pintar é uma escritura. Escrever é uma pintura.
SIMON HANTAI
Hoje estamos tão habituados a encontrar somente o significado das palavras e as letras por si mesmas, uma a, uma b, h, z... , já não tem sentido, significado ou valor algum. E as letras do alfabeto ora, para nós, são simplesmente meros sinais gráficos totalmente despidos de Força e não depositários de Vida e Energia.
Mas de um modo que hoje é quase totalmente ignorado as 26 letras do alfabeto possuem, submersa no espesso e precário manto do cotidiano, uma memória ancestral, densa e original, que nos foi transmitida no transcorrer das eras, de geração para geração, no decorrer de cada uma das Grandes Civilizações e da qual nos encontramos quase que completamente inscientes...
Contudo os Alfabetos foram cultuados e reverenciados por todas as Grandes Religiões e Filosofias Perenes. Instrumental básico e essencial são os germes-sementes do que denominamos “inconsciente coletivo das possibilidades” oculto nas potencialidades virtuais repostas em cada ser humano, para que possamos reconhecer em cada letra-fonema um sinal-mensagem vero e genuíno para siglar nossa verdadeira busca interior e assinalar os rumos do nosso autêntico caminho existencial. Reconectando-nos com nos mesmos e com a Realidade, para que possamos discernir e apreender a concretude da Vida em sua totalidade, e construir em nosso entorno um mondo selado e autenticado por nossos sonhos e aspirações.
Revelação privilegiada de um estreito sentido de sincronicidade com o Todo os Alfabetos agora são ,em nós , silenciada e apagada Sintonia do Universo, sepultada nos estratos mais profundos do nosso inconsciente cultural e entranhada nas funduras mais fundas de nossa psique.
Não mais signos seminais de uma Arqueologia em nosso opaco mundo de conceitos e abstrações que faz a Alma do Mundo quase emudecer em nós, os Alfabetos porém , ainda agora, permanecem dormentes rizomas calados de Força, Vida, Energia, soterrados nas camadas mais profundas e esquecidas do nosso Saber, soterrados por debaixo dos mais incontáveis e desapercebidos estratos do nosso Conhecer, que devem se reerguer para que nosso Espírito possa não continuar a se deixar esmaecer. E poder relembrar de se deixar acordar...
Ousando fugir da ilusão de usar as palavras como ficção, e mais além da compreensão de cada letra do alfabeto ocidental, em suas metamorfoses, significados e leis de projeção psíquica, para que os fonemas-sinais possam reassumir em nosso universo sua autentica função de criar e comunicar, a feitura extremamente gráfica, em sua compacta e exata concretude, da exposição composta e realizada por Ana Alice Francisquetti com a efetiva colaboração de Dayse Grisolio, procurando recapturar uma arcaica força e pura energia primordial dos signos, não cabe em si, em seu querer desejar nos capturar por um olhar do mais alhures, de um lugar que já não é mais nosso. Profundamente audaz em sua precisa e contida fantasia, exemplarmente descrita e remarcada na inscrição pontual de seus pictogramas-pontes para uma imaginal travessia, de ida e volta, por entre o visível e o invisível...
Obra pictórica de extraordinária e solida fluidez, concentrada no horizonte cultural memorizado delimitado pelos alfabetos que compõem o universo do processo civilizatório ocidental, procura, neste universo percebido, recuperar o alfabeto em sua função primordial e o sentido primevo de protótipo corporal da língua. Se faz como é profunda escavação pictural na lisura dos sentidos automáticos e convenientes do nosso apreender em corpo plástico, corpo inquieto, corpo-energia, precisando a movente retidão dos signos que nos impele à passagem do portal que grava a imaginária distinção entre concretude, cotidianidade, realidade e eternidade...
Nesta obra a coerente decodificação da empresa do verbal para a pintura e o desenho, impelindo constantemente nosso olhar para além do despojamento da palavra que, decomposta em suas letras, e desembaraçando-se dos seus sentidos, se esvazia de sua substancia significante, é pictografia que descreve, embarcando numa outra faixa primal de compreensão, a apreensão aprofundada de uma realidade primicial saturada, submersa, criptada, porém, desde sempre em nós presente, nos impulsionando para uma constante e pontual redescoberta de percursos novos e significações visuais do essencial.
Uma pictografia que procura destruir o sentido morto do dito para libertar a escritura de sua imobilidade esmagadora. Explorando outra prática e outra materialidade, matricial de signos primais da linguagem, seus pictogramas primários buscam gravar uma outra inspiração, que se coloca inscrita em outra dimensão. Incisa por entre os interstícios das coisas e do cotidiano, se põe afundada naquele subterrâneo nível para além de nós mesmos em nós mesmos, entendidos como coletividade que habita os tempos e os espaços. Encontrando-se na obscurecida zona do indizível, clara soleira do indescritível...
No reto mover-se de traços-pontos-linhas aparentes pictogramas, inscrevendo na raiz concisa da fala, são emergência-energia vidente no gesto evidente da síntese elementar das formas, da vibração correta do ar à contida mancha de tinta, de ordenação distinta num deciso ritmo visual naturalmente alinhado em todas as direções para dessossegar nossa imaginação. Como manuscrito primordial descrito em sulcos empenhados na intensidade de uma empresa pictórico-escritural, à guisa de ritos que delineiam uma experiência primigênia, os pictogramas vistos na obra de Ana Alice Francisquetti, são pistas originais de uma via sintática mais flexível e deformável que revela a atração para o atravessamento da escritura, do desenho, da pintura, em isca de um integral fraseado próprio.
Paralelamente, embora titulada Universo Percebido, o que pode remeter à legibilidade dos Alfabetos, esta mostra expõe em séries alinhadas um batalhão de quadros-páginas cobertos por uma multidão ordenada de signos, em múltiplos sentidos, não acessíveis à nossa contaminação. Embora emoldurados na substância de uma textura criativa que grifa, em tintas-linhas, arcanas reminiscências mnemônicas ideográficas nos começos de um início que retorna para conter o silencio do antes das palavras, anterior a verbo.
Signos, nesta obra, que são busca incrível de uma escritura que volta a interrogar a potência visual da grafia e magia dos signos, materializando a evocação de uma semântica primeva, manifestada no estado nascente do primordial onde o figural e o escritural se encontram ainda entremeados, de modo original, em gravuras-matrizes de uma primitiva ordenação topológica dos signos.
Então exaltando o visual e deixando morrer o legível para a criação de um texto primordial, a obra poetiza, em pinceladas rápidas, o sonho de engolir a linguagem, numa exploração gráfica mais densa que não cessa, de algum outro lugar, de nos reenviar ao agir, ao movimento, ao vivente.
Portanto sua poética plástica faz surgir de um anterior primal da escrita, para reconquistar, na trama do visível, esta expressão escritural original, numa fonte primeira e elementar que antecede a todo o desenho e pintura: grahaphein – o grahaphein original grego primitivamente ligado ao verbo graphô “arranhar, riscar”, “descascar, escorchar, escoriar” que reúne e designa num mesmo lexema os atos de “escrever, desenhar” e “traçar linhas, pintar”. Escrever, desenhar, pintar: o por em obra o grahapein obriga a se manifestar a fecundidade criadora de uma prática originária do graphô pluridimensional e arqueológico. Destino inviolável dos signos que leva à modalidade concreta através da qual a função se exprime em realidade.
Os pictogramas expostos aparecem então como exemplos de uma miscigenação insaciável: os signos surgem reavidos do enfim de um alhures distante e quase de todo perdido, de algum outro lugar, para nós pouco inacessível...
Pictogramas fundantes cristalizados em seus nítidos fantasmas escriturais de uma linguagem que permanece sempre qualitativamente quase desconhecida.
Ensaio pictográfico dos traços e linhas das escrituras das línguas em alfabetos, esta exposição, porque contém o desejo claro de se afastar/desviar dos cânones habituais estabelecidos do percebido, é nítida testemunha desta utopia do antes traduzida por fim numa língua pictográfica pensada como antecessora de um mito das origens.
Então porquanto esta pré-escritura de traços irredutíveis do elementar termina e recomeça, num mesmo instante, em via de acesso soberana que conduz a um texto primordial, texto privilegiado da nostalgia visual das ante-escrituras, e magia movente dos primevos começos/inícios gráficos que não representam as palavras mas se completam no antes próprio da imagem-signo, incisa visão-sinal anterior às palavras...
ZERVANA ZAGARA
São Paulo, 13 de agosto de 2014
Realizou vinte exposições individuais no Brasil. Participou de várias exposições Internacionais coletivas de gravura.
Possui obras em diversos acervos: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo-MAC. Museu da Prefeitura, Belém do Pará. Fundação Rômulo Mayorana, Belém Pará. SESC, Vila Mariana, São Paulo. Museu de Arte Contemporânea, MAC, São Paulo. Espaço Cultural Banespa, São Paulo, entre outros. Participou do SP ESTAMPA 2011, 2012,2013. Membro da APAP.
UNIVERSO PERCEBIDO EM DESPERCEBIDO COSMO
Breviário de Leitura da Exposição dos Trabalhos de Ana Alice Francesquetti e Dayse Grisolia, em gravura, fotografia e cerâmica sobre o aparecimento da Escrita e sua Evolução.
A sociedade humana, o mundo, o homem em sua inteireza, estão contidos dentro do alfabeto.... o alfabeto é fonte ”.
VICTOR HUGO
Pintar é uma escritura. Escrever é uma pintura.
SIMON HANTAI
Hoje estamos tão habituados a encontrar somente o significado das palavras e as letras por si mesmas, uma a, uma b, h, z... , já não tem sentido, significado ou valor algum. E as letras do alfabeto ora, para nós, são simplesmente meros sinais gráficos totalmente despidos de Força e não depositários de Vida e Energia.
Mas de um modo que hoje é quase totalmente ignorado as 26 letras do alfabeto possuem, submersa no espesso e precário manto do cotidiano, uma memória ancestral, densa e original, que nos foi transmitida no transcorrer das eras, de geração para geração, no decorrer de cada uma das Grandes Civilizações e da qual nos encontramos quase que completamente inscientes...
Contudo os Alfabetos foram cultuados e reverenciados por todas as Grandes Religiões e Filosofias Perenes. Instrumental básico e essencial são os germes-sementes do que denominamos “inconsciente coletivo das possibilidades” oculto nas potencialidades virtuais repostas em cada ser humano, para que possamos reconhecer em cada letra-fonema um sinal-mensagem vero e genuíno para siglar nossa verdadeira busca interior e assinalar os rumos do nosso autêntico caminho existencial. Reconectando-nos com nos mesmos e com a Realidade, para que possamos discernir e apreender a concretude da Vida em sua totalidade, e construir em nosso entorno um mondo selado e autenticado por nossos sonhos e aspirações.
Revelação privilegiada de um estreito sentido de sincronicidade com o Todo os Alfabetos agora são ,em nós , silenciada e apagada Sintonia do Universo, sepultada nos estratos mais profundos do nosso inconsciente cultural e entranhada nas funduras mais fundas de nossa psique.
Não mais signos seminais de uma Arqueologia em nosso opaco mundo de conceitos e abstrações que faz a Alma do Mundo quase emudecer em nós, os Alfabetos porém , ainda agora, permanecem dormentes rizomas calados de Força, Vida, Energia, soterrados nas camadas mais profundas e esquecidas do nosso Saber, soterrados por debaixo dos mais incontáveis e desapercebidos estratos do nosso Conhecer, que devem se reerguer para que nosso Espírito possa não continuar a se deixar esmaecer. E poder relembrar de se deixar acordar...
Ousando fugir da ilusão de usar as palavras como ficção, e mais além da compreensão de cada letra do alfabeto ocidental, em suas metamorfoses, significados e leis de projeção psíquica, para que os fonemas-sinais possam reassumir em nosso universo sua autentica função de criar e comunicar, a feitura extremamente gráfica, em sua compacta e exata concretude, da exposição composta e realizada por Ana Alice Francisquetti com a efetiva colaboração de Dayse Grisolio, procurando recapturar uma arcaica força e pura energia primordial dos signos, não cabe em si, em seu querer desejar nos capturar por um olhar do mais alhures, de um lugar que já não é mais nosso. Profundamente audaz em sua precisa e contida fantasia, exemplarmente descrita e remarcada na inscrição pontual de seus pictogramas-pontes para uma imaginal travessia, de ida e volta, por entre o visível e o invisível...
Obra pictórica de extraordinária e solida fluidez, concentrada no horizonte cultural memorizado delimitado pelos alfabetos que compõem o universo do processo civilizatório ocidental, procura, neste universo percebido, recuperar o alfabeto em sua função primordial e o sentido primevo de protótipo corporal da língua. Se faz como é profunda escavação pictural na lisura dos sentidos automáticos e convenientes do nosso apreender em corpo plástico, corpo inquieto, corpo-energia, precisando a movente retidão dos signos que nos impele à passagem do portal que grava a imaginária distinção entre concretude, cotidianidade, realidade e eternidade...
Nesta obra a coerente decodificação da empresa do verbal para a pintura e o desenho, impelindo constantemente nosso olhar para além do despojamento da palavra que, decomposta em suas letras, e desembaraçando-se dos seus sentidos, se esvazia de sua substancia significante, é pictografia que descreve, embarcando numa outra faixa primal de compreensão, a apreensão aprofundada de uma realidade primicial saturada, submersa, criptada, porém, desde sempre em nós presente, nos impulsionando para uma constante e pontual redescoberta de percursos novos e significações visuais do essencial.
Uma pictografia que procura destruir o sentido morto do dito para libertar a escritura de sua imobilidade esmagadora. Explorando outra prática e outra materialidade, matricial de signos primais da linguagem, seus pictogramas primários buscam gravar uma outra inspiração, que se coloca inscrita em outra dimensão. Incisa por entre os interstícios das coisas e do cotidiano, se põe afundada naquele subterrâneo nível para além de nós mesmos em nós mesmos, entendidos como coletividade que habita os tempos e os espaços. Encontrando-se na obscurecida zona do indizível, clara soleira do indescritível...
No reto mover-se de traços-pontos-linhas aparentes pictogramas, inscrevendo na raiz concisa da fala, são emergência-energia vidente no gesto evidente da síntese elementar das formas, da vibração correta do ar à contida mancha de tinta, de ordenação distinta num deciso ritmo visual naturalmente alinhado em todas as direções para dessossegar nossa imaginação. Como manuscrito primordial descrito em sulcos empenhados na intensidade de uma empresa pictórico-escritural, à guisa de ritos que delineiam uma experiência primigênia, os pictogramas vistos na obra de Ana Alice Francisquetti, são pistas originais de uma via sintática mais flexível e deformável que revela a atração para o atravessamento da escritura, do desenho, da pintura, em isca de um integral fraseado próprio.
Paralelamente, embora titulada Universo Percebido, o que pode remeter à legibilidade dos Alfabetos, esta mostra expõe em séries alinhadas um batalhão de quadros-páginas cobertos por uma multidão ordenada de signos, em múltiplos sentidos, não acessíveis à nossa contaminação. Embora emoldurados na substância de uma textura criativa que grifa, em tintas-linhas, arcanas reminiscências mnemônicas ideográficas nos começos de um início que retorna para conter o silencio do antes das palavras, anterior a verbo.
Signos, nesta obra, que são busca incrível de uma escritura que volta a interrogar a potência visual da grafia e magia dos signos, materializando a evocação de uma semântica primeva, manifestada no estado nascente do primordial onde o figural e o escritural se encontram ainda entremeados, de modo original, em gravuras-matrizes de uma primitiva ordenação topológica dos signos.
Então exaltando o visual e deixando morrer o legível para a criação de um texto primordial, a obra poetiza, em pinceladas rápidas, o sonho de engolir a linguagem, numa exploração gráfica mais densa que não cessa, de algum outro lugar, de nos reenviar ao agir, ao movimento, ao vivente.
Portanto sua poética plástica faz surgir de um anterior primal da escrita, para reconquistar, na trama do visível, esta expressão escritural original, numa fonte primeira e elementar que antecede a todo o desenho e pintura: grahaphein – o grahaphein original grego primitivamente ligado ao verbo graphô “arranhar, riscar”, “descascar, escorchar, escoriar” que reúne e designa num mesmo lexema os atos de “escrever, desenhar” e “traçar linhas, pintar”. Escrever, desenhar, pintar: o por em obra o grahapein obriga a se manifestar a fecundidade criadora de uma prática originária do graphô pluridimensional e arqueológico. Destino inviolável dos signos que leva à modalidade concreta através da qual a função se exprime em realidade.
Os pictogramas expostos aparecem então como exemplos de uma miscigenação insaciável: os signos surgem reavidos do enfim de um alhures distante e quase de todo perdido, de algum outro lugar, para nós pouco inacessível...
Pictogramas fundantes cristalizados em seus nítidos fantasmas escriturais de uma linguagem que permanece sempre qualitativamente quase desconhecida.
Ensaio pictográfico dos traços e linhas das escrituras das línguas em alfabetos, esta exposição, porque contém o desejo claro de se afastar/desviar dos cânones habituais estabelecidos do percebido, é nítida testemunha desta utopia do antes traduzida por fim numa língua pictográfica pensada como antecessora de um mito das origens.
Então porquanto esta pré-escritura de traços irredutíveis do elementar termina e recomeça, num mesmo instante, em via de acesso soberana que conduz a um texto primordial, texto privilegiado da nostalgia visual das ante-escrituras, e magia movente dos primevos começos/inícios gráficos que não representam as palavras mas se completam no antes próprio da imagem-signo, incisa visão-sinal anterior às palavras...
ZERVANA ZAGARA
São Paulo, 13 de agosto de 2014